sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Na Faixa

Estava no carro, distraída, esperando o farol abrir. Daí, percebi uma mulher fazendo manobras para conseguir atravessar a rua. Ela empurrava um carrinho de bebê. O carro, ao meu lado, havia parado sobre a faixa de pedestres. Ocupava mais da metade da faixa. Quer dizer, coitada da mulher e de quem mais quisesse atravessar. Minha filha fraturou a tíbia há quase três anos (hoje, exatos 1027 dias). Tinha 6 anos. Foi atropelada na garagem do nosso prédio. O nosso vizinho estava correndo muito acima do razoável. E ela se distraiu. A combinação dos dois fatores resultou em mais de dois meses de gesso e cadeira de rodas. Apesar dessas limitações, queríamos que ela continuasse com sua vidinha normal: ir para a escola, alugar um DVD no vídeo, fazer compras no mercado, passear no shopping, assistir a um filme no cinema, etc. Para tanto, o uso da cadeira de rodas foi fundamental. E difícil. Só quem já teve que empurrar uma cadeira de rodas, sabe da dificuldade de fazê-lo em São Paulo. As calçadas são esburacadas, mal conservadas. Existem obstáculos de todos os tipos: vasos, árvores, carros, entulho... E a cadeira pesa! Você já deixou seu carro em cima da faixa de pedestre hoje? Não, nem um pouquinho ? Então, meus parabéns. Porque nas minhas andanças de cadeira de rodas por aí, o simples ato de atravessar a rua tornava-se um processo bem complexo. Sempre, sempre, havia algum carro sobre a faixa de pedestres. Não parece que vai atrapalhar ? Foi só um pouquinho que ficou em cima da faixa ? Pois saiba. Atrapalha. E muito. Já atrapalhava quando eu dirigia um carrinho de bebês. Duplo, de gêmeos. Só que era infinitamente mais leve. Dirigindo a cadeira de rodas, então... Eu atravessava a rua, tendo que desviar do carro e querendo fuzilar o motorista. Mas, para minha felicidade, sabia que a minha situação era temporária. Íamos nos ver livre de tudo em alguns meses. Mas, e aqueles que convivem com essas limitações para sempre? Não é fácil. Quando estiver na rua, no papel de motorista, lembre-se de deixar a faixa para quem de direito: os pedestres.

1 comentários:

Anônimo segunda-feira, 04 agosto, 2008  

Putz! Fiquei com peso na consciência agora... Esses dias, estava maior trânsito e, para não fechar o cruzamento, fiquei em cima da faixa de pedestres, achei que fosse dar tempo de passar mas o farol fechou. Nem ré em consegui dar...Desculpa pessoal!

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