sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tá sem tempo ?

O Tempo
Mário Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Véspera dos 10 anos

Amanhã, as meninas fazem 10 anos !!! Uau ! Aquele clichê: o tempo passa muito rápido. Lembro muuuito da minha gravidez, que foi super tranquila, apesar de gemelar. Lembro dos 17 quilos que eu engordei. Lembro da angústia e alegria ao saber que eram dois bebês. Depois, que eram duas meninas. Lembro da minha insistência em que o maridão tirasse fotos da minha barriga, bem no início da gestação. E ele dizendo que não havia barriga, ainda. Lembro de reclamar sobre isso com o meu médico: cadê essa barriga ? E de ele me responder que eu tivesse calma, porque quando ela surgisse, ia crescer muito depressa. Lembro das meninas se mexendo na barriga. Lembro de ter o braço engessado no meio da gravidez, por conta de uma tendinite. Lembro da agonia ao perceber que a loja havia entregue apenas um dos berços. 'Mas, moça, e se as minhas filhas nascerem prematuras ? Como faço ?'. Lembro da lista infinita de nomes a serem escolhidos. Lembro de ficar entrando no quarto delas, olhando os móveis, mexendo nas roupinhas. Só esperando por elas. Lembro do dia 26/Fev/99. Do nervosismo. Da sala de parto. Do marido do meu lado. Dos médicos discutindo sobre modelos de carro. Do meu batimento cardíaco indo às alturas. Do anestesista pedindo que os médicos iniciassem logo o procedimento. E lembro, com uma nitidez impressionante, de não sentir as minhas pernas. De querer movê-las e de não conseguir. Lembro da enfermeira colocando-as na posição desejada. Como se já não me pertencessem. E lembro do chorinho. O primeiro chorinho. Da Camila. Levaram-na, deram uma limpadinha rápida e a colocaram bem pertinho de mim. E nós choramos. Depois, lembro de ouvir um médico falando para o outro: 'Empurra'. E de um deles empurrar a parte de cima da minha barriga para baixo. E aí ouvi outro chorinho. Da Sabrina. Também levaram-na. Quando ela voltou, tinha um gorrinho na cabeça. E eu lembro de ter achado que ela era tão pequenina. E puseram-na bem pertinho de mim. Continuamos chorando. Lembro de ter visto meu pai, minha mãe e minha irmã na janelinha. Nesta sala, é possível que os familiares assistam ao parto através dessa janelinha. Depois, fui encaminhada para uma sala de repouso. Depois do que pareceu uma eternidade, fui levada ao quarto. Pessoas queridas me esperavam. Meu marido, minha mãe, meu pai, minha irmã, minha comadre, meu compadre ... Depois de um século, trouxeram as meninas. Tão quietinhas. Tão pequenas. Seria eu capaz de cuidar delas ? A primeira vez amamentando. Eu aprendendo. Elas também.
E hoje, cá estamos. Na véspera do aniversário. Jantamos no Fridays, tomaram sorvete e combinamos de ficarmos acordados até a meia-noite. Para comemorarmos desde o primeiro minuto do dia 26. Amanhã, elas decidirão se irão para a escola. E o que mais quererão fazer.

UPDATE: Eu, Kátia, nascida e domiciliada na cidade de SP, casada, um marido, duas filhas, declaro, para os devidos fins, que meu irmão, nascido em SP e domiciliado em uma cidade próxima de SP, casado, uma esposa, três filhos, esteve na maternidade, no dia 26/Fev/99, visitando a mim e às suas sobrinhas recém nascidas. Ele não assistiu ao parto, nem estava no quarto quando eu voltei da sala de recuperação, chegando, no entanto, no mesmo dia, mais tarde.

Resumo Carnavalesco

Nunca gostei de Carnaval. Nem na época em que moramos em Recife. De maneira que, ficar este feriado em casa, quietinha, não foi nenhum sacrifício. Descansei bastante. Aluguei 5(!) filmes. Todos bons. No sábado, fomos para a casa do meu irmão, a cerca de 1h de SP. Passamos a tarde com eles. Voltamos à noitinha, mas as meninas e a minha mãe ficaram para dormir por lá. No domingo, preparei um almoço bem 'ferroso'. De entrada, 'Creme de Beterraba' (receita maravilhosa, porque eu não gosto de beterraba e amei, assim como maridão) e, prato principal, 'Risoto de Tomate Seco' plus um bifinho (e dá-lhe ferro!). Sem modéstias, o almoço estava muuuito bom !!! Na segunda, terminamos de assistir aos filmes alugados e à noite fomos na casa da filha do maridão. O Felipe (5 meses) está tão fofo! Relembrei os velhos tempos: dei mamadeira e ainda consegui fazer ele dormir. Na terça, levamos as meninas e uma amiguinha ao cinema para assistir 'Coraline', em 3D. Bonitinho. Hoje acordei antes das 6 da manhã para ir ao laboratório, continuar com minha rotina de exames. Desta vez, no cardápio, ultrassons mil e mamografia (fala sério, com tanta tecnologia à disposição, como ainda não descobriram um método menos dolorido de se fazer esse exame???).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Melhor, impossível

Meu irmão acabou de me ligar perguntando se eu estava bem depois do desmaio...
-Oi ? Desmaio ? Eu ? Mas, quando que eu desmaiei, minha gente ?
-Kátia, acabei de ler no seu blog! Assim você me deixa muito preocupado...
-Eu escrevi isso ? Eu desmaiei ?, perguntei para ele e fiquei pensando: Será que a ausência dessas células já está afetando minha memória, será que já estou trocando as bolas ? Hemoglobina, hello, volta para mim !
-Você escreveu sim. Está aqui no seu útimo post: “Ontem à noite, senti um pouco de tontura, próximo da hora de deitar.”
-Querido irmão, posso estar sem hemoglobinas, mas eu diria, com alguma certeza, que ‘desmaio’ não é sinônimo de ‘tontura’. Ou será que com as novas regras ortográficas, isso também mudou ?
-Ah, tá. Mas, você está bem, né ?
-Ótima. Deitada o dia inteiro. Mimada pelo marido. Levando umas picadas de quando em vez. Telefonemas do Brasil todo. Melhor, impossível!
-Se cuida, então. Beijos.
-Só o que eu faço, brother. Ultimamamente, é só o que eu faço! Beijos.

Lado Polyanna de ser

Minha amiga me ligou, segundos depois de ler o email que eu havia enviado, contando das novidades.
-Kátia, você tá bem ?
-Estou, sim. Está tudo sob controle.
-Olha, deixa eu te explicar uma coisa. Novidade é quando você fica grávida, compra um apartamento, troca de emprego. Entendeu ? Não quando está à beira da morte. Quase tive um enfarte ao ler seu email...
-Não exagera. Não deixa de ser uma novidade. Não das muito boas, mas... Vejamos pelo lado Polyanna: descobrimos tudo antes de eu ter um enfarte. Não é bom ?
-É. Sob esse ângulo, é ótimo. Se cuida, hein ! Beijos.
-OK. É o que mais faço ultimamente. Beijos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Frescura ?

Ontem à noite, senti um pouco de tontura, próximo da hora de deitar. Havíamos acabado de assistir a um DVD. O marido ficou muito preocupado, já queria me levar ao hospital. Consegui demovê-lo da idéia, mas, ele resolveu desmarcar uma reunião que teria hoje pela manhã, fora de São Paulo. Só para me acompanhar ao médico. E assim vou indo, além de ter ficado mais limitada, tenho limitado os outros também. Durante essa semana, minha amiga tem vindo pegar as meninas para levá-las na escola. Detalhe: ela mora do lado do colégio. E agora tem que dar essa volta para me ajudar. O maridão, além da preocupação, tem tentado se equilibrar entre o trabalho, buscar criança na escola e idas ao médico para me acompanhar. Mas, o mais interessante disso tudo é que, por causa da ausência de sintomas, fico me sentindo meio inútil. Como se fosse frescura da minha parte. Sei que não é, mas assim me sinto. Fico aqui torcendo para as hemoglobinas perceberem meu estado de espírito e aparecerem de vez neste corpitcho. Tipo um overflow hemoglobinal. Acho que hoje devo fazer, de novo, outro hemograma para ver a quantas anda essa taxa...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Na minha idade ?

-Muito complicado receitar qualquer coisa no seu caso... Na sua idade...Ainda mais no Pronto Socorro...
- Oi ? Como assim ‘na minha idade’ ? Hello ? Só tenho 41 !!, pensei. Maaas, tendo em vista as circunstâncias, mantive o sorriso no rosto e continuei ouvindo a médica
- Pode dar AVC, trombose. Depois, não vamos continuar te acompanhando... Muito difícil no seu caso... 41 anos ...
-Ei ! Eu sei a minha idade ! Não precisa ficar falando desse jeito!, pensei novamente. Suspiro light. Sorriso mantido. Continuo a ouvi-la, atentamente.
-Olha, eu vou consultar o meu colega. Ele é o chefe do departamento. Vamos ver se ele tem uma outra opinião. Aguarda um pouquinho.


Fiquei aguardando. E pensando. Desde quando a minha idade seria empecilho para alguma coisa ? Eu me sinto bem, não uso bengala, consigo utilizar o banheiro sozinha, levo as crianças na escola, trabalho, não tomo remédios (bom, pelo menos até a semana passada, antes das minhas hemoglobinas resolverem entrar em greve). A médica volta e interrompe meus pensamentos.

-Então, ele viu seu caso e falou que não tinha nada a fazer, mesmo.
-Simples assim ? Já posso ir escolher a cor e o tipo do meu caixão ? Fazer um testamento ?
-Calma. Seguinte: vou te receitar um antiinflamatório, que deve diminuir o fluxo, não bloqueá-lo. Já não dá mais tempo neste ciclo. Você toma, vai no seu ginecologista e veja o que ele vai te sugerir.
-Então, tá, doutora. Obrigada pela atenção.


Então é isso. Ultimamente tenho aprendido muito sobre ter 41 anos, retirar um mioma, ou retirar o útero ou fazer uma ablação endometrial ou uma embolização. Mil possibilidades. Vivendo e aprendendo. Em paralelo, continuo tomando ferro na veia e visitando médicos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O corpo tem sempre razão

Sou Analista de Sistemas. E desde há muito tempo, aprendi que o computador tem sempre razão. Não adianta discutir. Se não está dando certo, alguma coisa errada o operador fez. Simples assim. Hoje eu aprendi que o nosso corpo também tem sempre razão. Ele até tenta se virar com os problemas impostos/criados por você, operador, mas também há limites.

Voltei ao médico cardiologista hoje. Tinha que entregar o resultado dos exames solicitados.Depois do ‘Bom dia’, a primeira coisa que ele me falou foi:

-Nossa, você tá muito amarela !
- Então, doutor, o senhor já tinha notado isso na consulta anterior. Acho que por isso me pediu o hemograma completo... Lembra que falamos sobre o possível excesso de betacaroteno ?
-Sei, sei. Mas, parece que está mais amarela hoje... Bom, vamos ver... Deixa eu começar pelo hemograma... 5.3 de hemoglobina... CINCO PONTO TRÊS !!!!! Como você está aqui hoje ???? Deveria estar de cama, com dificuldade para respirar, com um cansaço absurdo !!!! Você NÃO sente nada ?????
-Não, doutor. Nada. Tenho feito minhas coisas normalmente...
-Muito estranho !!! Olha, vou ser direto. O mínimo desejável é 13. Você está com 5.3. É caso para transfusão de sangue. Desculpa, não tem como falar de outro jeito...
-Transfusão ???? Oh, oh ... Mas eu não sinto nada ...
-Essa falta de sintomas é mais preocupante ainda. Tem que procurar um hematologista. Hoje.
-Doutor, tem mais o exame do coração. Deu tudo normal, parece...
-Vejamos. É. A estrutura do seu coração está normal.
-Eu achei que o senhor ia pedir um ergométrico...
-Ainda bem que eu não solicitei !!! Com essa taxa de hemoglobina, você ia desmaiar na esteira...Olha,Kátia, o que interessa, no momento, é recuperar essa taxa. Sai daqui e vai para um hematologista agora. Não enrola. Só volta quando estiver tudo normal com o seu hemograma.


O maridão estava comigo. Voltamos meio em silêncio para casa. Cheguei e já comecei a tentar marcar uma consulta. Só consegui para março, mesmo avisando sobre o pedido de urgência. Diante disso, meu marido, muito esperto, falou:

- Vamos para a clínica de Hematologia que ele indicou e vamos tentar um encaixe.
-Mas, já liguei lá. Não tem essa possibilidade. Já perguntei...
-Kátia, vamos agora. Lá você mostra o hemograma e o pedido de urgência. Vamos ver no que vai dar.


Dito e feito. Conseguimos um encaixe. O hematologista pediu que eu refizesse o exame de sangue, lá mesmo. O resultado saiu em uma hora: de 5.3 no dia 02/Fev, passou para 6.0. O médico falou que ia tentar de tudo para evitar a transfusão de sangue, mas, para isso, eu tinha que prometer ficar de repouso absoluto (tipo da cama para o sofá e vice-versa), tomar uma dose cavalar de ferro na veia, uma vez por semana, pelas próximas seis semanas. E, além disso, pediu para que eu passasse no ginecologista para que ele me receitasse alguma droga para a suspensão da menstruação. Segundo ele, qualquer perda de sangue vai fazer com que a taxa diminua novamente, o que é inaceitável.

-Ok, doutor. Faço tudo isso para não ter que passar por uma transfusão. Só uma pergunta: porque eu não apresento nenhum sintoma indicativo ?
-Olha, você tem um mioma. Há mais de dois anos. Então, isso deve estar acontecendo paulatinamente ao longo dos meses ou anos. Não é uma coisa de ontem para hoje. O organismo vai se adaptando às condições. Provavelmente esse é o motivo pelo qual, aparentemente, você não apresenta nenhuma sintomalogia.

Fui lá ser furada mais uma vez. Tomei o tal do ferro na veia. Depois fui para casa, pensando em quão impressionante é o nosso organismo. E vamo que vamo, Brasil. Nas próximas semanas, muito sulfato ferroso neste corpitcho !

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Checkup. Só Isso. Entendeu ?


Início de janeiro. À beira dos 41, resolvi marcar, pela primeira vez, uma consulta com o cardiologista. Chegando lá, ele me perguntou o motivo da minha ida e eu expliquei que eu queria fazer um checkup, por causa da idade. Ele perguntou mais umas coisas e iniciou o exame, auscultando o meu coração. Depois de um tempo, ele me disse que percebeu uma leve arritmia e um sopro. Oi ? Arritmia ? Sopro ? Eu ? Quis dizer para ele que estava ali SÓ para um checkup. Para um pedido de teste ergométrico. Sei lá. Esse tipo de coisa. E não para ouvir que tinha poucos meses de vida... Mas, não falei nada. Ele ainda complementou dizendo que não era para eu ficar preocupada. Podia não ser nada. Em seguida, colocou uns eletrodos em mim para fazer um eletro. A tal da arritmia não apareceu. Mas, ele, carrasco total, me disse que isso não significava que eu não tivesse arritmia. Precisava investigar. Saí de lá com o pedido para fazer ecocolordopplercardiograma, além de hemograma, colesterol, etc e tal. Passado quase um mês, fiz os tais exames. O ecoblablacardiograma é tipo um ultrassom, para ver ver a estrutura do coração. Resultado: coração perfeito ! O colesterol está OK, assim como o triglicérides e a glicose. A única coisa foi o hemograma que aponta para uma anemia (acho!). Tenho consulta de novo na semana que vem. E se esse médico aparecer com mais algum diagnóstico de poucos meses de vida, não volta mais lá, não.

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP