quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Para o meu pai

Pai, eu sempre te dava livros de presente, né ? Era mais fácil de acertar. Também te dei camisa, pijama, caneta... Mas, eu acho que o que você mais gostava era de livro mesmo. Então, eu já nem tinha mais o que decidir. Ano após ano, eu ia na livraria e resolvia. Prático. Ultimamente, não tenho que te dar mais nada, não...
A gente sempre conversava sobre os livros lidos, né? Lembra quando eu pegava livro emprestado e você sempre ficava me perguntando quando que eu ia devolver ? Ciumento... Mas, olha, eu continuo lendo, viu ? Não tanto quanto eu gostaria, mas estou sempre tentando. O último que eu li foi 'O Escafandro e a Borboleta', de Jean-Dominique Bauby. Fizeram um filme, também. Ainda não assisti. Pai, imagina, o cara é redator-chefe de uma revista francesa famosa. Super in. De repente, tem um AVC e fica em coma. Quando retorna, ele não consegue fazer nada: comer, falar, mexer. Nada. Seu único contato com o mundo é através do olho esquerdo. História verídica ! Com esse olho ele dita, quer dizer, ele pisca, todo o livro! Uma vez para dizer sim, duas vezes para dizer não, às letras do alfabeto que lhe são apresentadas. Vale a pena a leitura. Também terminei de ler, para as meninas, em paralelo, 'O Menino no Espelho', do Sabino. Elas adoraram! Falando nisso, lembrei de um outro livro, 'O Menino de Pijama Listrado', de John Boyne. Comprei para ler para as meninas, porque a história é contada por um menino. Mas, não deu para continuar. É sobre a infância dele, na época do nazismo. O pai era um alto oficial e eles moravam em uma casa em frente a um campo de concentração. Achei muito forte para elas. Reclamaram da interrupção da leitura. Mas, realmente não dava. Li até o final, só para mim mesma. E conforme as últimas páginas iam chegando, eu ficava querendo que o que eu achava que iria acontecer não acontecesse. Só lendo mesmo. Triste, mas bonito. Ah! Teve também o bestseller 'O Caçador de Pipas', de Khaled Hosseini. Outro livro bonito e triste. Fizeram um filme. Mas, eu não quero assistir, não. Prefiro ficar só no livro mesmo. Lembrei ainda do 'A Menina que Roubava Livros', de Markus Zusak. Esse é escrito de forma diferente. O narrador é A Morte. Difícil se acostumar, no começo, mas, passado esse estranhamento inicial, a leitura flui. Também na época do nazismo. Cativante. Teve, ainda, 'A Elegância do Ouriço'. Já falei dele aqui. E tem tantos outros que eu ainda quero ler... Devo isso a você, não ? Saudades, pai.

5 comentários:

Anônimo quinta-feira, 07 agosto, 2008  

Deve isso a você também. Ele deve isso a você, ter se orgulhado da filha que gosta do que ele gostava.

Anônimo sexta-feira, 08 agosto, 2008  

S ei que seri esquecido
A assim é a lei deste mundo
U um sonho doce e profundo
D dura apenas um segundo
A mor carinho e paixao
D dentro do meu coração
E fica apenas saudades
S audades do meu coração

Ká, pode ter ctz que ele esta te ouvindo.

Anônimo sexta-feira, 08 agosto, 2008  

As vezes me pego em casa olhando para a cadeira que ele gostava de se sentar, ali, na ponta da mesa, e lembrando de como gostava de ler, repetia os livros numa boa.... Pai te amo!! Obrigada por nos ensinar o gosto pelos livros...

SAUDADES

Anônimo domingo, 10 agosto, 2008  

Ainda bem que meu filho casou cedo e pelo menos fez uma familia e deixou meus netos ... Deixou yma semente ...

Anônimo domingo, 10 agosto, 2008  

Pois é, a falta é enorme mesmo...Aprendemos a dar mais valor as pessoas que realmente foram importantes em nossas vidas quando já não as temos mais, quando já é tarde...Ainda bem que existe nossa família, e pequenas partes do meu pai em cada um dos filhos,irmãos, pais, etc...Tudo ali, partes pequeninas que continuam o trabalho dele e de outras pessoas importantes na nossa história e que tb. já não estão mais por aqui: o pai do meu pai( seu Elias), o pai do meu vô (seu João) e por aí vai....Para minha sorte essa história continuou....Hoje acordei cedo e lembrei do meu pai...Fiquei bem triste, sabe...Não ia saber o que dar para ele...Sempre pensava em dar algo diferente do que livros, mas normalmente era o que acontecia. Agora mesmo, escrevendo isso, as lágrimas vem e vão...Mas o meu dia também foi muito, muito feliz e especial...Os meu três filhotes, após colocarem no último volume a música "O filho que eu quero ter " do Toquinho, me cercaram com mil beijos e abraços imensos e tão fortes, dados por uns bracinhos tão pequeninos. Me encheram de presentes, cartinhas, desenhos e rabiscos...Cada um deles com seu jeito continua a história que o avô do avô do avô de meu avô começou...O Gabriel está acabando de ler o livro Viagem ao Centro da Terra do Júlio Verne...Exemplar antigo, que foi do meu pai, que eu li aos 11 anos e que agora ele com 7 vibra com as aventuras...O Mateus usa óculos igual ao avô...Aliás, na última foto do meu pai é o Mateus que está em seus braços...E o Lucas tem toda a pinta de ser irritadiço como ele, muitas vezes engraçado, meio na dele, sem falar muito, sem cara de muitos amigos...Mas não menos sensacional que os outros dois! Meu pai deixou também minhas irmãs, para nossa sorte, mulheres adoráveis, tão diferentes e inteligentes quanto ele...E meu pai também tem a sorte que eu tive: conheci uma mulher fantástica e com ela estamos criando nossos 3 filhos...Meu pai conheceu outra mulher-maravilha, super fantástica, linda e sábia, que com ele também criou três filhos...Espero ter herdado dele sabedoria, inclusive para não cometer os mesmos erros do final, poderdo assim ver meus netos crescerem e quem sabe, acompanhá-los lendo os livros que foram meus ou mesmo de meu pai...

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