domingo, 10 de agosto de 2008

Overbooking

Agendei para terminar a instalação de um sistema para amanhã, às 8:30h, lá em Diadema. Tudo estaria perfeito, não fosse o fato de eu esquecer que as aulas de inglês das meninas recomeçam amanhã, também. Às 9:40h. Quer dizer, não vou conseguir estar nos dois lugares ao mesmo tempo. Aí, perguntei pro maridão se ele, por um feliz acaso do destino, não poderia levar as meninas para mim. Não, ele não pode. Também tem reunião. Agora estou eu aqui a pensar: falto no cliente, as crianças faltam no inglês ou eu me teletransporto de um lugar para o outro ? Eu não queria que elas faltassem, porque é o primeiro dia e porque fazem duas aulas em um único dia. Vão ter aula de novo somente na próxima segunda-feira. Por outro lado, não posso tentar sensibilizar meu cliente com os meus problemas administrativos do lar e faltar ao compromisso assumido. Quanto a me teletransportar, creio que ainda vá demorar um pouco para isso se realizar, então... Continuo no mesmo ponto de onde comecei esse post: sem saber o que fazer. Mas, uma pergunta não quer calar: Como pude esquecer ? Será a idade ? Muitos afazeres ? Desleixo ? Apenas sei que a constatação desse overbooking só me veio agora, no final do dia... Outra idéia: agendar um táxi e pedir para a empregada levá-las no inglês. Creio que é o que vai acabar acontecendo. Mais uma culpa para o meu curriculum... Aliás, culpa é um sentimento inerente à maternidade. No parto, além do bebê, nasce a culpa, também. E que vai ser eterna companheira de nós, mães. Todos os dias, lado a lado. O bebê engordou pouco no mês ? Só pode ser culpa desse meu leite fraco... Está com brotoejas, assado ? Também, não devo ter passado o creminho antiassadura direito... Pegou um resfriado ? Sabia que eu tinha que ter agasalhado ele melhor... Tá com dor de garganta ? Porque fui deixá-lo tomar refri gelado ? Dor de barriga ? Foi aquele chocolate que eu liberei no almoço ... Anêmico ? Devia ter insistido com as verduras ... E por aí vai. Até hoje, passados quase três anos, ainda me culpo pelo acidente da Camila...
Mas, como disse Vinícius, no Poema Enjoadinho:

Filhos...Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filho? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

UPDATE: As meninas foram de táxi, mesmo. Sem traumas.

2 comentários:

Anônimo domingo, 10 agosto, 2008  

Com todo respeito, e sem procuração, faço minhas as palavras do Vinícius....três vezes...

Anônimo domingo, 10 agosto, 2008  

É muita onipotência. Mãe relaxa, que será melhor para você e para as duas. Vai no seu compromisso agenda o taxi. Olha que beleza, as meninas crescendo!
muuuitos beijos

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