quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Laços de Família - Parte 2

Eu e meus irmãos sempre brincamos com o ‘ranking’ dos netos prediletos. Em abril, em um dia de semana, almocei com a minha vó, lá na casa dela, por causa do seu aniversário. Fui direto pro topo do ranking. Sem pit stop. Assim, como subi vertiginosamente, já devo estar meio no fim do ranking... Não basta subir, há de conseguir se manter no topo...No domingo, aproveitei para, também, encher a paciência da minha vó. -Então, vó, quem é o neto predileto ?
-Não tem preferido, não. Às vezes, tem um que telefona mais que o outro, né ?
-Viu, vó ? Sabia que tinha que ter um. Certamente, não sou eu...
-É. Você ia lá em casa sempre, quando morávamos perto. Depois, parou. Telefona pouco, também...


É verdade. Houve uma época, eu já adulta, em que meus avós moravam a uns quarteirões de casa. Ia visitá-los a pé. Depois mudaram para longe. Deixei de ir. Tenho carro, horários flexíveis. Só não tenho desculpas para não ir... De novo, faço um mea-culpa. Engraçado. Não lembro de ter passado fins de semana na casa da minha vó, quando criança. Só eu. Sem pai nem mãe. Não sei bem o porquê. Morávamos longe. Minha mãe trabalhava, minha vó também. Havia almoços aos domingos na casa dela. Todos os filhos e netos. Isso eu lembro. Mas, ficava nisso. Ela e o resto das mulheres adultas ficavam na cozinha, preparando o almoço. Nós, as crianças, ficávamos brincando pela casa. Brincávamos de trabalhar de escritório com as coisas do meu vó. Mexíamos nas bijuterias e nas roupas da minha vó... Minha tia inventava brincadeiras... Mas, não me lembro de haver muita interação vó-neta. Havia, também, os encontros em aniversários. Depois, mudamos para Recife e as comemorações eram feitas por telefone. Ou quando vinhamos de férias para São Paulo... Sei lá... Acho que, em algum momento, faltou a proximidade que vejo hoje entre as minhas filhas e a minha mãe. Não é falta de amor, não. Disso tenho certeza. Creio que há um pouco de falta de intimidade, talvez. Garçon, um pouco mais de análise, por favor !

6 comentários:

Anônimo quarta-feira, 27 agosto, 2008  

as crianças, vc. Mas eu só pude ver o meu pai e senti a ausência dele. Ele foi um bom pai.Muita saudade

Anônimo quarta-feira, 27 agosto, 2008  

Tia,

A autora está passando pela crise dos 40, aflorando nela um sentimento de culpa, tão fundamentado e difundido por Freud por volta de 1930, e que como até o Lula sabe, o sentimento de culpa é tão imprescindível à sobrevivência da civilização, pois, quanto mais culpa um indivíduo sente, maiores são suas auto-exigências morais.

E como Lacan dizia, o sentimento de culpa, está relacionado com o desejo.

RESUMINDO: A kÁ está com o desejo de reforçar o contato com os membros da família: primos, avós, irmãos, tias etc..VÁ EM FRENTE!! Só o fato de expor assim seus anseios já indica que está no caminho certo!! ANTES TARDE DO QUE NUNCA!! *******Não esquecer de depositar na conta a hora de análise******

Kátia quarta-feira, 27 agosto, 2008  

Nossa, por um instante, achei que o comentário era do Mr. Smith!

Anônimo quinta-feira, 28 agosto, 2008  

Tudo indica que era um comentário Sr Smith, será que isso revela identidades

Anônimo sábado, 30 agosto, 2008  

No Darling...That was not me!!!

Meus textos são mais elaborados, e efetuados por um editor-chefe!! É claro que posso ver muita qualidade nos textos do Sr. Alessandro....Não o conheço, mas pelo que pude ler pelos seus comentários é uma pessoa muito culta....Não conheço muitas pessoas que podem discorrer tão facilmente sobre temas tão diferentes e difusos com ele o faz...Depois do sucesso com nossa mega estrela (autora deste blog) estou pensando em entrar em contato com este rapaz para também orientá-lo sobre seu futuro como escritor...Pelo que sei ele e a autora são irmãos...É incrível que este dom literato tenha caído duas vezes no mesmo lar para dois irmãos...

Quem sabe é o início de dois novos irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm Grimm)?! Já fui informado que a caçula não possui o Dom do Vernáculo, mas é como dizem: um é pouco, dois é bom e três é demais!!

Yours sincerely

John Howard Smith
Editor Chefe
The New York Star

Anônimo segunda-feira, 29 setembro, 2008  

Mostrei seu blog para uma amiga, que vc não conhece. Ela adorou, riu muito, comentou que vc escreve muito bem.
Eu não tinha lido esse post direito, sei lá...
A sua vó tem uma limitação na forma de se vincular, é um contato empobrecido, o afeto fica embotado. Nem com os filhos ela foi assim de se ligar...
Já adulta aprendi que cada um faz o que sua história permite...
Lutemos para que possamos fazer mais..
bjs

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