segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Melancólica

A escolinha, onde minha irmã estudou do maternal ao jardim, virou um prédio, ainda em construção. A lojinha de discos, onde eu costumava comprar meus LPs e, mais tarde, CDs, já não existe mais. A casa de esfihas, daquelas bem tradicionais, não os fast-food atuais, também fechou. Ali, eu e meu irmão, almoçávamos/jantávamos, às vezes, nos finais de semana. No lugar da escolinha de natação, na qual minha irmã, quase bebê, se recusou a ter aulas, existe um colégio. Hoje precisei ir na faculdade onde me formei, a uma quadra do apartamento onde morei, dos 13 aos 24 anos, quando casei. Embora não houvesse necessidade, fiz questão de passar na rua do ‘nosso’ prédio. Um flashback instantâneo aconteceu: minha irmã nasceu ali, meu primeiro namorado foi de lá, meu aniversário de quinze anos, a primeira chave de casa, meu irmão engolindo a agulha, vários reveillons comemorados com toda a família, minhas primeiras ‘baladas’, a cara pintada ao passar no vestibular, meu irmão no exército, meu futuro marido sendo ‘entrevistado-massacrado’ pelo meu pai, minhas primeiras madrugadas em claro estudando para a faculdade, chuva de arroz, almoço de casamento, primeira comunhão da minha irmã … Lembranças de anos passaram em segundos. Senti uma certa melancolia. Imediatamente lembrei de uma música do Caetano, da época em que ele estava exilado em Londres: A little more blue. O dia cinza de hoje também deve ter contribuído para essa minha sensação.

E esse estado melancólico me levou ao meu pai. Após sua morte, eu ligava para o telefone da casa dele, só para ouvir sua voz, gravada na secretária eletrônica. Eu fazia isso consciente do quão inconsequente era esse meu ato. Mas, eu não queria esquecer o timbre e a entonação de sua voz. Fiz isso por um curto espaço de tempo. E agora, que não tenho mais a gravação para recorrer, não estou bem certa de lembrar exatamente como era o som de sua voz. "But today, but today, but today, i don't know why, I feel a little more blue than then (C.V.)"

Se meu pai fosse vivo, creio que ele seria um leitor assíduo e um eloquente comentarista deste meu blog. Mas, pode ser só impressão.

3 comentários:

tia solange segunda-feira, 21 setembro, 2009  

Tenha certeza! Peculiares comentários agridoces!
Naquele apartamento, muitas visitas a voces, depois das aulas do meu curso de especialização no SEDES.
Muitas lembranças, essas que colaboram para sermos como somos...

Alessandro terça-feira, 22 setembro, 2009  

Nossa!! Este post particularmente me trouxe diferentes sensações: a primeira, boa, lembrando dos fatos que você descreve com muito carinho... Momentos muito bons!! Primeiro nós 4, minha infância, meus jogos, minha tão querida coleção de playmobils...Meus selos..Minas moedas...Meus livros...Você me ajudando com algumas tarefas de escola!! Enxugado a louça (lembra da fiscal de talheres?! Depois com a Tati, outra fase, ficando adolescente, namoradas etc..Até das minhas brigas na escola, no prédio e na rua tenho saudades...Tudo tão inocente!!Que época boa!! A mãe e sua máquina...O pai e os livros...Anos dourados!! Mas esta transformação toda no bairro entendo que é um preço a pagar pela modernização de nossas vidas!! Faz parte!!Não temos como impedir...É questão de se acostumar e guardar as lembranças sadias...

Mas a segunda parte deste post me deixou com um nó na garganta!! Saudades também...Mas daquela bem triste!! Quanta coisa eu teria feito diferente..Quanta coisa eu queria ter feito com o pai...Não tive a idéia da secretária...Muito boa!! Me deu vontade de assistir algumas cenas de meu casamento... Ele aparece por lá! (Vou como está a fita e ver se dá para passar para DVD!)
Mas isto é outra coisa que não podemos lutar: a efemeridade da vida!! E se ele em algum lugar puder ler seu blog deve estar orgulhoso: eletronicamente você nos uniu para uma terapia digital familiar...Acho que ele realmente iria gostar e comentar..É claro que depois que déssemos 200 explicações para eles de como ligar o micro e acessar a internet, afinal de contas ele era incrivelmente não compatível com estas novas tecnologias.

Melancolia e Saudade!

tati terça-feira, 22 setembro, 2009  

Este post foi o melhor de todos... Qauntas saudades eu sinto também, de tudo! Do prédio que nasci (amigos que conheço desde que estava na barriga da minha mãe e continuam até hoje), da escolhinha que estudei (caí da escada e levei 4 pontos), da outra escola que estudei, o posto do Rubão (minha mãe so deixava encher o pneu da bicicleta se eu atravessasse a rua com o Fê)... Muitas coisas boas!! Como meu namorado mora lá perto, todo final de semana passo ali na frente, e todo final de semana lembro de uma história gostosa pra contar à ele.... Os anos passam mesmo.... que pena!

O nosso pai é uma pessoa que sinto, muita, mas muita saudades... Como sempre falo, por ser raspa de taxo, convivi pouco com ele... Mas foi bom! Sempre é bom! Ele sempre me levava no parquinho de Domingo.... Era mal humorado mas eu gostava!! rs Com certeza ele sabe do blog e deve estra rindo agora... doidinho pra comentar alguma coisa! te amo Pai!
Amo vocês irmãos!!

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