Amanhã, as meninas fazem 10 anos !!! Uau ! Aquele clichê: o tempo passa muito rápido. Lembro muuuito da minha gravidez, que foi super tranquila, apesar de gemelar. Lembro dos 17 quilos que eu engordei. Lembro da angústia e alegria ao saber que eram dois bebês. Depois, que eram duas meninas. Lembro da minha insistência em que o maridão tirasse fotos da minha barriga, bem no início da gestação. E ele dizendo que não havia barriga, ainda. Lembro de reclamar sobre isso com o meu médico: cadê essa barriga ? E de ele me responder que eu tivesse calma, porque quando ela surgisse, ia crescer muito depressa. Lembro das meninas se mexendo na barriga. Lembro de ter o braço engessado no meio da gravidez, por conta de uma tendinite. Lembro da agonia ao perceber que a loja havia entregue apenas um dos berços. 'Mas, moça, e se as minhas filhas nascerem prematuras ? Como faço ?'. Lembro da lista infinita de nomes a serem escolhidos. Lembro de ficar entrando no quarto delas, olhando os móveis, mexendo nas roupinhas. Só esperando por elas. Lembro do dia 26/Fev/99. Do nervosismo. Da sala de parto. Do marido do meu lado. Dos médicos discutindo sobre modelos de carro. Do meu batimento cardíaco indo às alturas. Do anestesista pedindo que os médicos iniciassem logo o procedimento. E lembro, com uma nitidez impressionante, de não sentir as minhas pernas. De querer movê-las e de não conseguir. Lembro da enfermeira colocando-as na posição desejada. Como se já não me pertencessem. E lembro do chorinho. O primeiro chorinho. Da Camila. Levaram-na, deram uma limpadinha rápida e a colocaram bem pertinho de mim. E nós choramos. Depois, lembro de ouvir um médico falando para o outro: 'Empurra'. E de um deles empurrar a parte de cima da minha barriga para baixo. E aí ouvi outro chorinho. Da Sabrina. Também levaram-na. Quando ela voltou, tinha um gorrinho na cabeça. E eu lembro de ter achado que ela era tão pequenina. E puseram-na bem pertinho de mim. Continuamos chorando. Lembro de ter visto meu pai, minha mãe e minha irmã na janelinha. Nesta sala, é possível que os familiares assistam ao parto através dessa janelinha. Depois, fui encaminhada para uma sala de repouso. Depois do que pareceu uma eternidade, fui levada ao quarto. Pessoas queridas me esperavam. Meu marido, minha mãe, meu pai, minha irmã, minha comadre, meu compadre ... Depois de um século, trouxeram as meninas. Tão quietinhas. Tão pequenas. Seria eu capaz de cuidar delas ? A primeira vez amamentando. Eu aprendendo. Elas também.
E hoje, cá estamos. Na véspera do aniversário. Jantamos no Fridays, tomaram sorvete e combinamos de ficarmos acordados até a meia-noite. Para comemorarmos desde o primeiro minuto do dia 26. Amanhã, elas decidirão se irão para a escola. E o que mais quererão fazer.
UPDATE: Eu, Kátia, nascida e domiciliada na cidade de SP, casada, um marido, duas filhas, declaro, para os devidos fins, que meu irmão, nascido em SP e domiciliado em uma cidade próxima de SP, casado, uma esposa, três filhos, esteve na maternidade, no dia 26/Fev/99, visitando a mim e às suas sobrinhas recém nascidas. Ele não assistiu ao parto, nem estava no quarto quando eu voltei da sala de recuperação, chegando, no entanto, no mesmo dia, mais tarde.