terça-feira, 11 de novembro de 2008

Então é Natal

Então é Natal. E o que você fez ?
Sinto certa agonia. Tristeza, talvez ? Não sei. Tantas coisas que deveria ter feito e não fiz. Telefonemas que devia ter dado. Encontros não realizados. Essa é a sensação primeira que me vem. Depois, as de ordem prática. Presentes que tenho que comprar, correria em que todos vão ficar, trânsito que só vai piorar e 2008 que já se vai. Um misto de 'ter que se reunir porque é Natal' com o 'o porquê de não se reunir, já que não é Natal'...
Enquanto isso, as meninas na euforia de entrar em férias, ir para o interior, ganhar presentes...
E um poema que eu adoro, sempre gostei. Triste, mas bonito. Hoje, quando leio, lembro do meu pai. Antes, não.

Poema de Natal
Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

1 comentários:

Anônimo quinta-feira, 13 novembro, 2008  

Quem sabe um dia aceitarei a esperança que o poema transmite ao final. Mas temos sempre que mandar coisas boas pros outros, guardando pra nós as nossas frustrações; então que o Natal seja feliz pra cada um de acordo com suas crenças. Kátia parabéns vc escreve claramente o quer dizer. Bjocasss.

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