quarta-feira, 4 de maio de 2011

Páscoa em Recife - Parte 2

Meu irmão, do meu ponto de vista, tem uma memória prodigiosa. Sempre lembra de tudo com riqueza de detalhes. Eu, ao contrário, nunca lembro de nada. De um passado remoto, então, não surgem nem vagas lembranças. Convivo com isso numa boa, já que não há mesmo o que se fazer a respeito.

De vez em quando (bem raramente), no entanto, a minha memória me surpreende. Nesta nossa recente viagem a Recife, meu irmão nos levou para passear por uma das ruas onde moramos por lá. Minha mãe queria passar em frente ao "nosso" primeiro prédio. Eu tinha uma vaga lembrança dele: era verde e tinha uma rampa enoooorme, onde eu descia com o meu skate (nos meus longíquos oito anos de idade). Depois de algumas voltas, minha mãe deu a dica que deveríamos estar próximos do local. E, então, eu vi o prédio e gritei! Na minha memória, a rampa era gigante, um super desafio para as minhas radicais manobras de skate! Ao vivo, a rampa é tão pequenina ... O prédio está bem acabadinho, já que a maresia não perdoa, mas, em um átimo de segundo, lembramos que foi ali que a minha vó materna viveu seus últimos meses de vida, que meus tios maternos foram para Recife, que meu irmão levou três pontos no queixo, que minha tia paterna e meus dois primos também viveram conosco por um tempo... Um turbilhão de eventos surgiram... Lembrei até, sem nem saber porque, do nome do último edifício no qual moramos, antes de voltarmos para São Paulo, e que fica nesta mesma rua.

Continuando com nosso passeio, eu quis passar em frente ao colégio onde estudamos e que, por sinal, é bem pertinho de onde os meus sobrinhos estudam hoje. Na época, esses dois colégios eram "rivais". Primeiro, passamos no dos meninos e, em seguida, no "nosso", que ocupa um quarteirão. Eu não lembrava que era tão grande assim. Eu queria ver a sua porta principal e, sem nem perceber, eu disse o nome da rua: Pe. Bernardino de Campos! Gente, como pode isso ? Fiquei super hiper "auto surpresa" ... O portão estava aberto e da rua pudemos ver a estátua da santa que dá nome à escola. E lá no fundo, a capelinha, onde tive aulas de religião e onde foi minha primeira comunhão...

Dali, fomos para à Casa da Cultura, um antigo presídio, que foi preservado e onde, em cada cela, existe uma lojinha. Eu já conhecia, mas queria que as meninas fossem lá. Chegando no centro da cidade, eu disse que deveríamos estar perto do escritório onde meu pai trabalhava, porque eu lembrava que era quase em frente ao cais do porto. Sem nenhum esforço e, para minha surpresa, eu disse o endereço do escritório: Rua Madre de Deus, 27 !!! Voltamos para São Paulo em Julho de 1981 !!!! Onde estava essa informação armazenada ? E porque surgiu assim, de um ímpeto ? Eu, novamente, me "auto impressionei" ! Meu irmão nos levou até essa rua e, bingo, eis que eu estava certa. Enquanto moramos em Recife, estive diversas vezes naquele prédio... Vários dos meus trabalhos de escola foram datilografados lá, pela secretária do meu pai... Volta ao túnel do tempo...

Na noite anterior, já havíamos passado em frente ao segundo edifício no qual moramos. Esse ficava em frente à praia e onde minha outra tia foi passar umas férias. Antes, a Av. Boa Viagem tinha duas mãos; hoje, só tem um sentido. Agora, esse prédio tem um muro alto; naquela época, não. Morávamos no quarto andar e ele tinha uma varanda na sala, que dava para o mar. Lembro do meu pai, tomando uísque com gelo. Detalhe: o gelo era feito com água de côco, vindo do quiosque em frente ao prédio....

  © Blogger template 'Perfection' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP